07/02/2018

AONDE PÁRA A RECEITA?

Nota prévia: considero que o Salão de Motos de Competição, cuja 2ª edição se realizou recentemente em Esposende, é um evento interessante e que deve continuar. Importa-me, contudo, que seja sempre clara a forma como o Município se envolve na organização e/ou apoio destas iniciativas. Por essa razão, na última reunião de câmara questionei em que moldes se tinha dado a participação da Câmara Municipal neste evento.

De acordo com os esclarecimentos dados pelo presidente da câmara, a Câmara Municipal não foi a promotora da iniciativa, apenas a apoiou, nomeadamente com o pagamento de despesas, entre as quais se destaca o aluguer da tenda por 12.000€. Nesta matéria julgo haver alguma falta de rigor na informação dada, já que consultando o portal onde são publicados os contratos públicos se verifica que afinal o aluguer da tenda custou cerca de 9.700€. Possivelmente os 12.000€ dizem respeito à totalidade dos encargos assumidos pelo Município.

Também de acordo com informação dada pelo autarca terão passado pelo evento cerca de 4.500 pessoas.

O que não é nada normal é que a Câmara Municipal apoie o Salão de Motos com uma verba significativa e que o seu responsável máximo diga que não sabe quem cobrou as entradas, de que forma foram cobradas e que destino foi dado à receita. Ou seja, ao terem de facto entrado no espaço do evento 4.500 pessoas (número só possível de determinar através da contagem dos bilhetes vendidos), sabendo-se que o bilhete custava 3€, terá sido arrecadada uma receita a ultrapassar os 13.000€, valor esse que a Câmara Municipal não sabe dizer de que forma e por quem foi cobrado.

Não está em causa a seriedade do processo e muito menos das pessoas envolvidas na organização. O que está em causa é a transparência do envolvimento do Município e o rigor como o mesmo trata a aplicação dos dinheiros públicos.

Como nota final, aproveitei para sugerir ao presidente da câmara que futuras edições deste evento, assim como de outros eventos, sejam deslocalizados para outros espaços, nomeadamente para a zona ribeirinha, de forma a não ocupar durante tanto tempo um espaço que foi criado para minimizar os graves problemas de estacionamento existentes no centro da cidade.