04/12/2017

QUERIDO MUDEI A CASA

Por JOÃO NUNES

Há diversos programas que mudam as casas das pessoas. Basta pedir apoio e aguardar. Mudam a vida das famílias, sob o slogan de “que temos muito gosto em mudar a sua casa”. A verdade é que, às vezes, assistimos a grandes e fantásticas alterações; comparando o antes e o depois, vemos proprietários, veneradores e obrigados, que curvados diante dos seus benfeitores, repetem os seus agradecimentos, desaguando quase sempre no “que Deus lhe pague”.

A Câmara Municipal de Esposende (CME), agora empanturrada com tantos votos obtidos no último ato eleitoral autárquico, aderiu a este conceito.

Não para mudar os quartos, as janelas, a iluminação, o jardim, o aquecimento, a cozinha, o sistema solar, etc., etc., a qualquer um dos seus munícipes, mas sim, para refinadamente MUDAR PESSOAS/TRABALHADORES, dos seus anteriores locais de trabalho, sendo, pelo menos parece, cirurgicamente escolhidos. Tipo “vassourada”.

Não querendo duvidar das boas intenções de quem manda, ressalta o espirito magnânimo do mesmo, pois ao que se sabe, nenhum dos visados pediu para ser transferido. Claro que tudo isto é feito, na perspetiva do mandador, na salvaguarda dos superiores interesses da municipalidade. Mesmo que os “escolhidos” não concordem; mesmo que não queiram e, mesmo que sintam que essa decisão é um ato humilhante nas suas vidas, que contraria o exemplar profissionalismo de tantos anos anteriores, a verdade é que os selecionados para a mudança, não têm alternativa. As mudanças forçadas parecem irreversíveis.

Será que isto é feito em nome da eficiência? O futuro o dirá.