17/02/2018

A VERDADE QUE SE IMPÕE

Por JOÃO CEPA

Na política encontra-se com muita frequência quem à falta de argumentos recorra à técnica da mentira e da intoxicação da opinião pública para safar a pele ou para desviar as atenções do que é essencial. 

Imagino que o esclarecimento público que fiz recentemente sobre o processo de aquisição da Estação Radionaval de Apúlia tenha trocado as voltas a quem pretendia fazer do anúncio da medida uma espécie de glorificação de autarca(s). 

Como esse esclarecimento levou a que pelo menos algumas pessoas se questionassem sobre o mérito do negócio agora anunciado, e que vai ser concretizado pelo Município, havia que, apostando na estratégia que vem sendo usada de há uns anos a esta parte, levar a população a desconfiar das intenções e da seriedade de quem veio a público questionar o processo. 

Neste sentido, rapidamente os capachos do Poder trataram de espalhar o boato de que o que o João Cepa queria mesmo era entregar a Estação Radionaval a “um amigo empreiteiro para fazer um resort”. Na verdade o método de intoxicação da opinião pública usado não é muito original, mas mesmo assim acredito que até colha alguns frutos. 

Não vou repetir o que já esclareci em texto anterior sobre os termos do acordo que estabeleci, ainda na qualidade de presidente da câmara, com o Governo para a aquisição de dois dos três polígonos da Estação Radionaval, acordo que o meu sucessor preferiu meter na gaveta para não ter de repartir louros ou mérito. 

Mas faço questão de esclarecer sobre o destino que pretendia dar ao imóvel, caso continuasse na presidência da Câmara Municipal ou caso tivesse ganho as últimas eleições. 

O polígono Norte, onde se localiza o campo de jogos e que ficou de fora do acordo que o Município fez agora, estava destinado à construção do Centro Escolar de Apúlia, projecto que este Executivo aparentemente também meteu na gaveta, tendo em conta que vai investir quase 500.000 euros na requalificação da Escola do Facho. 

Quanto ao destino a dar ao polígono central, resultaria de um concurso de ideias a lançar pelo Município e seria a própria população a decidir qual o projecto que entendesse melhor servir os interesses do concelho e de Apúlia em particular. As únicas condições é que o projecto a desenvolver fosse gerador de atratividade, criador de emprego e permitisse a fruição do espaço por parte da população local. 

A Câmara Municipal diz que vai lá instalar um Instituto Multidisciplinar de Ciências e Tecnologia Marinha. Isto quer dizer duas coisas: que Apúlia não terá um Centro Escolar, tal como tiveram Esposende, Fão e Forjães; e que os apulienses continuarão a olhar para a Estação Radionaval da mesma forma como olharam ao longo dos anos, ou seja, de fora para dentro através dos muros de vedação. 

A verdade nua e crua é que o actual presidente da câmara empatou o negócio durante quatro anos e meio, acabou por fazer um péssimo acordo para o Município quando comparado com o acordo que tinha sido feito em 2013, e como se não bastasse, vai transformar aquilo que foi durante muitos anos um condomínio fechado de militares, num condomínio fechado de professores-doutores, mantendo os apulienses e os esposendenses em geral do lado de fora dos muros. 

Para terminar, e voltando ao início deste texto e aos capachos do Poder, fica aqui o desafio para que todos puxem pela memória e se lembrem do nome de um “empreiteiro” que tenha apoiado a minha candidatura nas últimas eleições. Se alguém descobrir, sou homem para oferecer um prémio de mérito. Eu bem os vi muito empenhados numa candidatura, mas não foi seguramente na minha.